Objectivo deste blog


O blog "Portugal, um cais do mundo" pretende responder à pergunta "Que país queremos ser?".
Os autores propõem-se contribuir para esta questão por três vias:
- Aprofundar - Disc
utir modelos de optimização do papel de Portugal nas redes da globalização.
- Implementar - Propor formas de concretizar o sonho "Portugal, um cais do mundo".
- Divulgar - Tornar o sonho visível em Portugal e promover o reconhecimento internacional.


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Janeiro de 2024 – Portugal, um “cais do mundo” na rede da globalização


Caros Amigos,

A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América de 1776 menciona que um dos direitos inalienáveis dos cidadãos do novo país é a busca da Felicidade. Um dos seus subscritores, Benjamin Franklin, concretizou que a Declaração só estabelece o direito do povo perseguir a Felicidade, mas cada um terá de a buscar por si. Não deixa de ser curioso que, aparentemente, nenhuma constituição ou carta magna europeia mencione explicitamente a Felicidade como um direito e um sonho comum a perseguir…

Neste contexto, volto a substituir o tradicional postal de boas festas por um “sonho”, uma mensagem de esperança para o meu país, bem como um contributo para o seu desenvolvimento. Assim como o goleador de excepção consegue ver a bola já dentro da baliza no momento anterior a marcar a grande penalidade, também um povo se motiva ao visualizar o seu próprio “sucesso”. Que país queremos ser? – esta é a pergunta chave a que colectivamente teremos de responder.

Tenho um sonho! O ano é dois mil e vinte e quatro, Janeiro de 2024, e Portugal é um “cais do mundo” na rede da globalização!

Após ter saído do país em 2015, Maria regressou a Portugal atraída por um artigo no portal “Portugueses no Mundo” de uma empresa que buscava uma profissional altamente qualificada com as suas competências, algumas delas desenvolvidas durante o tempo que esteve fora. Veio substituir Brian, um irlandês que se tinha enamorado pelo nosso clima, bem como por uma série de incentivos, e que se instalou no nosso país por uns anos antes de se mudar de novo. Uma política pública de “brain circulation”, incluindo a atracção de talento estrangeiro, faz hoje parte activa dos programas governamentais. Portugal, um “cais do mundo das pessoas”.

Desde o ano passado – 2023 – que Lisboa ultrapassou Berlim como capital do empreendedorismo na Europa. Tal como na época dos Descobrimentos, também na terceira década deste século a multiculturalidade e um ambiente fértil à inovação convenceram Morten, um jovem norueguês, e o seu sócio chinês Chen a lançar a segunda fase da sua empresa gazela no nosso país, tirando partido dos nossos recursos de talento e comunicações que tinham sido activamente promovidos no norte da Europa. O nosso país evoluiu muito nos últimos 10 anos em termos de educação para a empregabilidade, desviando o foco do sistema para se centrar no aluno e a vida activa. Portugal, um “cais no mundo das ideias”.

Sines passou a ser o porto mundial com maior taxa de crescimento, após a implementação de uma série de medidas estratégicas destinadas a capitalizar o alargamento do Canal do Panamá, dado que o porto da costa alentejana é o primeiro de águas profundas na Europa à saída do canal. A concorrência com Roterdão pelo negócio de “transhipment” é hoje uma realidade e representa uma forte aposta no mar. Também a empresa de Joaquim se posicionou neste ecossistema, focando a antiga empresa de metalurgia do pai para a exportação e tirando assim partido deste novo paradigma do sector dos transportes. O nosso posicionamento geoestratégico é hoje usado activamente como factor diferenciador empresarial e catalisador de exportações. Portugal, um “cais do mundo dos bens”.

O nosso país está na moda entre os investidores estrangeiros, após uma campanha bem sucedida de relações públicas e marketing estratégico a nível global que se concentrou nos 10 indicadores chave utilizados pelos decisores internacionais das grandes corporações. A alavancagem na rede qualificada da diáspora portuguesa ajudou aqui também, conforme pode comprovar Beatriz que está a montar o décimo centro de “nearshore” da sua empresa em Portugal. Também o belga Mark, CEO de uma empresa de serviços global com 2000 pessoas e sede na Alemanha, escolheu o nosso país para se instalar com a família, tirando partido de vantagens fiscais, mas com isso criando 100 novos postos de trabalho locais qualificados. Portugal, um “cais do mundo do investimento”.

No ano de dois mil e catorze, Janeiro de 2014, a nossa geração tem de sonhar mais para além da resolução dos actuais problemas financeiros. O imperativo do crescimento económico é o desafio crucial que temos à nossa frente, naturalmente impulsionado pelo sector privado, mas suportado por uma agenda pública / governamental robusta e consequente. Este crescimento económico será sustentável se ancorado num forte investimento numa educação de século XXI focada na inovação e no empreendedorismo, pilar essencial para a competitividade a nível global. O país que queremos ser depois de amanhã começa a implementar-se já amanhã, após ter sido desenhado ainda hoje. Os nossos filhos ficarão gratos se assim todos pensarmos e actuarmos.

Tenho um sonho! Um dia, Portugal será um “cais do mundo” na rede da globalização.

Feliz 2014!

 
 

Tenho um sonho! Portugal, um “cais do mundo” na rede da globalização (II)

Caros Amigos,

Neste primeiro dia do ano, decidi uma vez mais substituir o habitual postal de boas festas por um contributo para o desenvolvimento de Portugal. Na sequência do meu post de há 12 meses atrás (primeira mensagem deste blog), acredito numa mensagem positiva e na necessidade de visualização do “sucesso” como factor de motivação essencial para qualquer povo ou organização.

Tenho um sonho! Um dia Portugal será um “cais do mundo” na rede da globalização. Seremos um ponto de encontro de pessoas, ideias, bens e investimentos que passam pelo país, deixam a sua marca e partem para outros destinos. No mundo globalizado e em rede do século XXI, são os nós principais das redes que se constituem como elementos de maior valor e onde o nosso país se pode distinguir.

Geográfica, histórica e culturalmente, dispomos de condições particularmente atraentes para nos posicionarmos como um “cais do mundo”. O posicionamento geográfico de Portugal, no centro de quatro plataformas continentais, é uma clara vantagem competitiva como ponto de partidas e chegadas. Historicamente, aliás, sempre que nos virámos para fora, mantendo parte da criação de valor no país, conseguimos ter sucesso. Tal levou-nos ao longo dos séculos a moldar uma interculturalidade invejada e apreciada mundialmente.

Um dia Portugal será um “cais do mundo das pessoas”, atraindo outras nacionalidades para se fixarem temporariamente, capitalizando no talento português que saiu e promovendo o regresso de alguma da nossa diáspora. Uma política pública de “brain circulation”, em linha com as melhores práticas mundiais, centra-se assim em quatro segmentos: os portugueses que vivem no seu país, a diáspora, os estrangeiros que escolheram o nosso país e os potenciais que podem para cá vir. Por exemplo, no domínio do turismo da saúde, o nosso clima, hospitalidade e segurança colocam-nos numa posição invejável para atrair estrangeiros, nomeadamente europeus, para esta nova indústria.

Em parte, os Descobrimentos foram possíveis pela abertura multicultural de Portugal que absorveu as melhores ideias e tecnologia medieval de sábios judeus, muçulmanos e cristãos para um objectivo determinado. Um “cais do mundo das ideias” é uma consequência lógica da interacção de pessoas de origens variadas, mas tem de ser “alimentado” de oportunidades e pontos de encontro. O livro “Where Good Ideas Come From” de Steven Johnson demonstra-nos a importância de uma política pública de promoção de ambientes férteis à inovação e ao empreendedorismo, bem ilustrado em Israel e na sua “Start-up Nation”.

A circulação marítima e aérea de bens pelo mundo obedece a “hubs” condicionados pelo posicionamento geográfico. A localização invejável de Portugal proporciona um quase natural “cais do mundo dos bens”, particularmente como plataforma logística do que está em trânsito de / para África e América Latina. A geografia deve fazer parte do nosso modelo de desenvolvimento, nomeadamente na promoção da economia do mar, tirando partido da 11ª maior zona económica exclusiva marítima do mundo, a nossa. Os novos usos dos recursos do mar (por exemplo, nas novas indústrias “offshore”) devem começar já a ser promovidos activamente.

A crise essencialmente de confiança que alastra pela Europa e que corroí o empreendedorismo, a inovação e o crescimento só pode ser combatida com políticas de promoção de investimento mais agressivas e direccionadas. Portugal pode posicionar-se com um “cais do mundo do investimento”, tanto aproveitando o potencial do capital asiático e de países emergentes, como desenhando incentivos à localização de centros de nearshore ou captando PMEs inovadoras do norte da Europa. Neste sentido, Singapura tem sido ao longo de décadas um exemplo paradigmático de atracção concertada de Investimento Directo Estrangeiro, em sintonia com uma eficaz política de “brain circulation”.

Neste primeiro dia do ano, tenho um sonho: Portugal será um “cais do mundo” na rede da globalização. A nossa geração poderá então legar aos nossos filhos um país mais próspero, mas sobretudo mais feliz.

Feliz 2013!

Como alavancar na diáspora a promoção de melhores relações económicas e culturais no contexto internacional e um regresso sustentado do talento e do saber?

Tradicionalmente, a discussão de políticas públicas sobre os portugueses no estrangeiro tem-se concentrado nos serviços consulares, transferências de emigrantes e processos eleitorais – isto é, numa perspectiva burocrática. Esta é uma visão demasiado redutora do papel da diáspora que não tem em conta o potencial de promoção de melhores relações económicas e culturais no contexto internacional. É desde logo um mau sinal ter havido até hoje um esforço limitado para saber como este capital humano pode ser identificado, cultivado e mobilizado. A solução passa por desenvolver e implementar uma estratégia concertada de alavancar desenvolvimento por via da diáspora.
Desenvolver um modelo eficaz de mobilização da diáspora
Devido à globalização, a maior parte dos países que tentaram parar a “fuga de cérebros” (“brain drain”), ou promover o regresso do talento da diáspora, acabaram por falhar. Em alternativa, nos últimos anos temos assistido a tentativas de sucesso de promover a “circulação de cérebros” (“brain circulation”), onde o desenvolvimento é acelerado pelo encorajamento da participação da diáspora no desenvolvimento do país de origem, pela transferência de conhecimento e competências, em complemento à atracção – mesmo que temporária – de talento estrangeiro. Portugal não deve olhar para os emigrantes como recursos perdidos, já que podem ser capitalizados para o desenvolvimento económico e social. As formas de alavancar na diáspora nacional passam por olhar para as competências técnicas e de negócio, relacionamentos comerciais, financiamento, trocas comerciais e na área de educação, etc.
Internacionalmente, há vários modelos de mobilização da diáspora que importa analisar face ao contexto português. A Escócia e a Índia alavancam nos executivos da sua diáspora em grandes multinacionais para influenciar decisões de localização e incentivar “Redes de Outsourcing de Tecnologia e I&D”. A diáspora da África do Sul e de Israel ajuda no desenvolvimento e financiamento de projectos de start-ups nos respectivos países, via “Redes de Venture Capital”. A China é conhecida por capitalizar na sua Bamboo Network, onde os membros da diáspora funcionam como investidores, já que os custos de transacção são reduzidos pela confiança entre os participantes da sua “Rede de Investidores”. Os membros da diáspora da Arménia e da Índia ajudam a identificar nichos, traduzindo oportunidades globais em projectos de negócio, numa verdadeira “Rede de Prospecção”. A China e a Coreia apostam no retorno do respectivo talento na diáspora, através de incentivos (fiscais, parques tecnológicos, etc), criando “Redes de Circulação do Saber”. A diáspora de sucesso da Arménia envia de volta ao país contratos de outsourcing, criando assim “Redes de Outsourcing”. Qual o modelo que mais se adequa ao nosso país? Uma resposta adequada implica uma análise profunda que importa efectuar com urgência.
Outros países já promoveram reflexões sobre a diáspora que podem servir como inspiração. Por exemplo, em 2000 / 2001, o Governo Indiano desenvolveu um estudo aprofundado sobre como capitalizar na sua diáspora de cerca de 20 milhões de membros. Uma agenda de reformas e iniciativas foi produzida, incluindo a criação de um novo Ministério dedicado à diáspora e a maximizar os seus efeitos económicos, culturais e sociais no próprio país. Desde então, foram criadas redes de membros da diáspora nos negócios, ciência, cultura e educação, desenvolvidas estratégias para os jovens indianos a viver no estrangeiro, criadas várias ocasiões e sistemas de contacto entre a Índia e a sua diáspora, etc.
Identificar e mobilizar os “campeões da diáspora”
Para capitalizar bem na diáspora, há que apostar em “campeões individuais”. Trata-se sobretudo de portugueses de sucesso no estrangeiro, overachievers, capazes de transformar ideias em projectos tangíveis que sirvam de exemplo – efeito de demonstração.
Paradoxalmente, para depois capitalizar sustentadamente nestes exemplos, há que ter uma organização capaz em Portugal para servir como integradora da rede e ajudar na concretização e marketing destes projectos e dos seus resultados tangíveis. O Governo deve ter aqui um papel de suporte, mas nunca ambicionar ser o “condutor” do processo.
Promover plataformas em rede para conectar a diáspora
Portugal necessita desenvolver planos metódicos para capitalizar nos mais de quatro milhões de portugueses que vivem fora do país, tal como as boas universidades internacionais fazem com a sua rede de antigos alunos, tornando-os nos seus melhores embaixadores, financiadores (directos ou indirectos), “olheiros” de talento, garantes de benchmarking contínuo, etc. Desde logo, há que criar ou potenciar redes de emigrantes. As mais produtivas vão bem para além de trocas sociais ou culturais e centram-se num determinado domínio profissional – redes de médicos, engenheiros, investigadores, empreendedores, etc. Deste modo, os seus membros têm mais em comum e tendem a fazer mais e melhores investimentos conjuntos. Estas redes de profissionais da diáspora também facilitam os contactos vindos dos decisores do próprio país, já que são naturalmente mais focados.
A construção, promoção e desenvolvimento de infra-estruturas de comunicação para “re-conectar” com o talento perdido no estrangeiro é outra das necessidades do nosso país. A Internet oferece hoje uma forma de ligar líderes e talento no próprio país e na diáspora de forma instantânea. Uma base de dados actualizada de profissionais na diáspora permite às empresas nacionais apelar a talento escondido, novos emigrantes encontrarem redes de apoio no exterior e emigrantes de sucesso responderem às solicitações de negócio em Portugal. Outra possibilidade de alavancar na Internet é dada pela Thailand Reverse Brain Drain Project, oferecendo à diáspora informação detalhada sobre incentivos ao investimento, actualizações regulatórias, oferta de parcerias de negócio internacional, oportunidades de investimento, etc.
Alavancar na diáspora como catalisador da mudança interna
Portugal não pode ter receio de alavancar nos portugueses colocados em cargos influentes tanto em instituições como em grandes empresas internacionais. O mérito de chegar a estes cargos deve ser individual, mas mesmo grandes países (como o Reino Unido) tem um departamento cujo único objectivo é “facilitar” estas colocações internacionais, obviamente na perspectiva de retorno posterior desse investimento em influência política, mas sobretudo económica.
O Erasmus e o Programa Contacto devem ser vistos como elementos estruturantes do desenvolvimento nacional, como catalisadores da mudança e da indução das melhores práticas internacionais. O número de jovens a passar por estes programas deve ser incrementado, mas incluindo uma componente de retorno de investimento e de ligação à diáspora nacional. Para além dos jovens, também os profissionais de áreas estratégicas devem ser incentivados a “rodar” por empresas fora do país. Esta diáspora temporária e altamente qualificada virá com a visão “corrosiva” determinante para algumas das mudanças estruturantes – mais risco, mais empreendedorismo, mais visão global.
Uma estratégia para alavancar no talento e recursos espalhados pela diáspora definitivamente não é um substituto para as reformas económicas estruturais que são necessárias para atacar as causas de alguma “fuga de cérebros” – promover a concorrência, encorajar o empreendedorismo, aumentar o investimento produtivo, aligeirar os requisitos burocráticos, melhorar a educação, resolver a morosidade da justiça, etc. No entanto, uma estratégia que – para além destes pontos – encoraje a participação activa dos nossos emigrantes no desenvolvimento do seu país de origem, pode ter um papel catalisador de referência.

Nota: Este texto foi originalmente publicado em Abril de 2009 pelo IPSD

Paulo Simões

Lusofonia: Uma Vantagem Competitiva

As expectativas e as emoções que se criaram, um pouco por toda a Europa, em torno das eleições francesas parecem-me bastante inconsequentes. O que é realmente importante é que a Europa tem vindo a perder a sua preponderância internacional e a sua capacidade de influência geoestratégica, o seu poder económico e o seu talento de inovação estão profundamente debilitados; estes são, aliás, problemas que, dentro de alguns anos, poderão vir a afectar também os Estados Unidos.


O futuro está nos países emergentes; os BRICs assumem uma importância cada vez maior e um poderio económico invejável. Neste momento, só não têm maior influência política porque ainda constituem uma aliança recente, bastante idiossincrática e com desígnios políticos distintos. Esta constitui, aliás, umas das causas principais, a meu ver, para um nível de influência colectivo ainda descoordenado e pouco eficaz; a tentativa infrutífera de um lugar no Conselho de Segurança ou a presidência do Banco Mundial constituem exemplos elucidativos. De qualquer forma, o potencial de ganho é imenso e têm-se conseguido avanços importantes: aumento das transacções comerciais entre BRICs (a China é o maior parceiro comercial do Brasil, o comércio Brasil/África quadruplicou em dez anos), alargamento dos participantes nas cimeiras G7, o aumento do peso do produto BRICs no total mundial.


Neste novo concerto de desenvolvimento, devemos potenciar o espaço da lusofonia, que não pode ser apenas a soma de territórios e populações ligados pela língua e corporizados numa instituição de relações, como tem sido a CPLP. O conjunto de afinidades que o passado nos legou e que a língua comum facilita deve ser potenciado de forma constante e ininterrupta até ao limite das nossas forças e idiossincrasias, ou apesar delas. Mas, infelizmente, e apesar de alguns esforços, a lusofonia parece fugir-nos por entre os dedos. O Brasil, grande responsável pela importância que o português tem hoje no mundo e o mais populoso país lusófono, tem optado por um certo distanciamento, concentrando os seus esforços num quadro de referência internacional onde não parece existir espaço para Portugal; Angola torna-se cada vez mais atractiva na cena internacional e, apesar da sua democracia ainda frágil, tende a seguir as pisadas do Brasil e, mais cedo ou mais tarde, a escolher outros parceiros privilegiados, como a China, por exemplo.


Portugal tem necessidade de operacionalizar rapidamente uma estratégia de aproximação que tem na língua portuguesa e no trabalho laborioso e sistemático da diplomacia, veículos fundamentais para exercer o soft power que tem vindo a alcançar, fruto de alguma reputação na cena internacional e mercê de um património de muitas décadas de relacionamento lusófono. O sucesso deste empreendimento dependerá, seguramente, da forma hábil como espero venham a funcionar os três pilares/instituições fundamentais da nossa actuação: o comércio, a cooperação e a língua, recentemente reorganizados.  

A desagregação do modelo Ocidental e a ascensão dos países emergentes representará a muito curto prazo uma mudança radical na agenda e na forma como as decisões serão tomadas no contexto internacional. Portugal tem na lusofonia uma vantagem competitiva decisiva que não pode descurar.

Artigo publicado no Semanário Sol: 1 de Junho de 2012

So Pitch está de volta


So Pitch é um evento de recrutamento e networking que junta gente nova com atitude, energia e vontade de trabalhar e empresários que querem comprar trabalho. Com o objectivo de criar um ecossistema de aproximação entre empresas e a nova geração, o So Pitch destina-se  quem pretende lançar uma ideia de negócio e/ou trabalhar nas indústrias criativas, tecnologia, marketing e vendas.
O evento deste ano tem o apoio da Samsung e é um evento oficial Braga 2012 Capital Europeia da Juventude.
Miguel Gonçalves, o criador do So Pitch explica o projeto e lança um desafio:


Para participar os candidatos submetem uma inscrição online. Serão seleccionados 600 para apresentarem o seu Pitch e na Final, 60 talentos e mais 10 Ideias de Negócio farão a sua apresentação às empresas.
Os castings decorrem em Braga nos dias 10, 11 ou 12 de Maio e em Lisboa nos dias 14, 15 ou 16 de Maio. A final será a 31 de Maio na cidade de Braga.
Entre outras, fazem parte do ecossistema empresas como a Wedo Technologies, NDrive, BES, PT, Salsa Jeans, Primavera Software, Unicer, Cin, Novabase, Wipro, CardMobili, McCann Erikson, Jason Associates, Liberty Seguros, Universia, F3M, Grupo Tecnifar, entre muitas outras...
O So Pitch é promovido pela Spark Agency, agência de criatividade que faz estalar activação em pessoas e empresas, liderada por Miguel Gonçalves, e do Factory | Business Center & CoWork, centro de negócios out-of-the-box da cidade de Braga.
Para mais informações: www.sopitch.com , comunica@sopitch.com, 253 680 340 ou 910 820 910

Fica como mote a apresentação "Vencer o futuro" do Miguel Gonçalves no TEDx em Braga:


                 
                    O Tempo das PME         





                                         Por Francisco Jaime Quesado (x)





   A Economia Portuguesa precisa de um novo Choque. E compete às PME a liderança do Processo de Mudança. Impõem-se Empresas capaz de projectar no país  uma dinâmica de procura permanente  da criação de valor e aposta na criatividade. Num tempo de mudança, em que só sobrevive quem é capaz de antecipar as expectativas do mercado e de gerir em rede, numa lógica de competitividade aberta, as Empresas não podem demorar. Têm que se assumir como actores “perturbadores” do sistema, induzindo na sociedade e na economia um capital de exigência e de inovação que lhe conferirão um desejado estatuto de centralidade e sobretudo de inequívoca liderança no processo de mudança em curso.





   

    As  PME têm que se assumir como o ponto de partida e de chegada de uma nova dimensão da competitividade em Portugal. Assumido o compromisso estratégico da aposta na inovação e conhecimento, estabilizada a “ideia colectiva” de fazer do valor e criatividade a chave da inserção das empresas, produtos e serviços portugueses no mercado global, compete às Empresas a tarefa maior de saber protagonizar o papel simultâneo de actor indutor da mudança e agregador de tendências. As TIC desempenham nesse âmbito um papel central, pelo efeito de modernidade estratégica que provocam em termos internos e externos.





      As PME têm que se assumir em Portugal como um Actor Global, capaz de transportar para a nossa matriz social a dinâmica imparável do conhecimento e de o transformar em activo transaccionável indutor da criação de riqueza. Para isso, as PME têm que assumir claramente, no quadro dum processo de mudança estratégico,  o papel de inovação que os três T – Talento, Tecnologia e Tolerância – provocam.  Destes, a Tecnologia – com ênfase para as TIC – são nos dias de hoje a chave de uma nova aposta que deverá ser capaz de construir uma nova cadeia de valor assente na excelência.











  

      As PME são um desafio à capacidade de mudança de Portugal. Porque as PME são um percurso possível decisivo na nossa matriz social, o sucesso  com que conseguir assumir este novo desafio que tem pela frente será também em grande medida o sucesso com que o país será capaz de enfrentar os exigentes compromissos da Globalização e do Conhecimento. As PME têm que assumir dimensão global ao nível da geração de conhecimento, valor, mas também de imposição de padrões sociais e culturais. As PME  têm que ser o grande Actor da Mudança que se quer para Portugal. Para tal têm que se assumir como o instrumento central de uma Nova Competitividade, centrada na criação de valor, dinamização de redes globais e sustentação de uma nova Agenda voltada para o futuro. É esse o caminho da mudança e tem que ser esse o compromisso da sociedade e da economia.




BET Católica: Novo clube de empreendorismo


BET Católica Lisbon Business Ventures é o novo clube de empreendorismo da Universidade Católica e tem como principal objectivo reforçar a capacidade de iniciativa e de inovação do público-alvo a que se dirige de modo a envolver activamente a participação dos jovens, das comunidades académica e científica, do tecido empresarial e também da sociedade civil num circulo virtuoso alicerçado na dinâmica da criatividade, da inovação e do empreendorismo.
Nos próximos dia 4 e 5 de Maio, o BET irá realizar o 24Horas BET, um evento de endurance de empreendorismo que irá ter lugar no edifício da Católica Lisbon e onde se esperam perto de 400 participantes. O programa do evento será preenchido com diversas iniciativas, designadamente talks, seminários, challenges e business cases. O evento destina-se a pessoas das mais variadas áreas de conhecimento e o BET irá desenvolver um conjunto de actividades facilitadoras do networking.
Especificamente um dos challenges que integrará o programa do evento será o Challenge Startup 1.0, cujo objectivo é o de contribuir para a criação de novas stratups orientadas para os desígnios da excelência e competitividade internacionais. Ao vencedor desta competição será atribuído um prémio monetário cujo financiamento está a ser obtido através de crowdfunding na plataforma PPL Crowdfuinding Portugal.
Iniciativas como estas são essenciais para capitalizar uma nova cultura empresarial no país e para maximizar a resposta aos desafios da recuperação económica de Portugal.
Mais informações BET Católica (evento 24 Horas): http://www.betcatolica.com/

Media e entretenimento: O novo sector exportador


No início deste mês, Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e Energia, em declarações à TSF recordou que as metodologias do relatório de Michael Porter sobre a competitividade nacional continuam válidas. Relatório esse, que focou a importância das indústrias tradicionais, mas como o próprio Mira Amaral referiu em entrevista à revista Fortuna em Dezembro de 1993: “O estudo analisa os sectores tradicionais mas é omisso sobre os futuros”.

Hoje, já sabemos que muito mudou nos últimos anos e que nos próximos as mudanças serão mais rápidas e que vão surgir novas indústrias e novos mercados.

As indústrias tradicionais podem e devem ser uma aposta. Mas, as plataformas digitais abrem novas portas para a exportação em sectores onde a criatividade e o talento são vantagens competitivas. A nossa História está repleta de bons exemplos onde nos destacámos pela inovação, criatividade e talento.

Podemos destacar-nos nos mercados de aplicações, videojogos, filmes, músicas, livros e conteúdos informativos e de entretenimento (e sempre que possível com tradução para diversas línguas).

O potencial de negócio da indústria de media e entretenimento apresenta perspectivas de crescimento sustentado em todo o mundo para os próximos anos, sendo a distribuição digital um catalisador para a criação de um novo sector exportador.

Porque não criarmos o próximo “Angry Birds em Coimbra ou o próximo “Farmville” em Braga? Terão os finlandeses ou norte-americanos mais criatividade e talento do que nós? Não pode o nosso cinema ser um sucesso na China ou França? E os livros dos nossos autores serem best sellers nos Estados Unidos?

A indústria de media e entretenimento é uma oportunidade efetiva e atual de incrementar as exportações. Para isso, é importante que o governo e os investidores tenham esta visão, de forma a que daqui a vinte anos, esta possa ser considerada uma das indústrias tradicionais com peso relevante nas nossas exportações e que seja também uma forma de afirmação e reposicionamento económico de Portugal no mundo.

Video: Michael Porter sobre as cinco forças da competitividade que definem a estratégia


Publicado também no blog Cibertransistor.com e nos jornais Diário de Notícias e Meios & Publicidade

Quatro pontos no cais



Desde que começou a crise Europeia, houve oito países Europeus alvo de "bail-out", incluindo três países da zona Euro, que foram alvo de "bail-out" pela troika constituída pelo FMI, pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu.

Como parte do pacote em vários dos casos de "bail-out", foi acordada a venda de activos detidos pelo Estado; dado que a Grécia ainda não procedeu a vendas, e no caso da Irlanda a venda de capital do Bank of Ireland foi feita a título privado, não do Estado, ficam três transacções com quatro compradores.

Estas três transacções foram feitas por Portugal: um pequeno banco "falhado", o BPN, que foi vendido a um banco Angolano, o BIC. Um bloco de acções representando 21% do capital da "utility" nacional, a EDP, vendido a uma empresa Chinesa, a China Three Gorges Corporation. Dois blocos de acções da empresa de transmissão de electricidade e gás, a REN, vendidos um (25%) a outra empresa Chinesa, a State Grid, e outro (15%) a uma empresa de Oman, a Oman Oil.

Ou seja, seja por desígnio ou não, a venda de três activos traz quatro pontos ou ligações a realidades não-Europeias: África, Ásia e Médio Oriente, o que reforça a oportunidade para Portugal continuar (ou voltar) a ser um "cais do Mundo". Curioso olhar para o mapa de viagens de há 500 anos atrás, passam pelos mesmos pontos. Vamos ver como se continua a desenrolar a resolução da crise, e se a oportunidade é explorada ao máximo.

PS - Adicionalmente, e fora dos termos de "bail-out", a Galp Energia acordou em Novembro passado a venda de 30% das suas operações no Brasil à China Petrochemical Corporation: outro ponto no cais - e os pontos ou as acções que lhes dão origem não são nem deverão ser propriedade exclusiva do Estado.

            Cidades e Regiões Inteligentes


                                   Por Francisco Jaime Quesado (x)                                         


    As conclusões associadas à implementação do Projecto “Cidades e Regiões Digitais”, que decorreu um pouco por todo o país, envolvendo “redes integradas de cooperação territorial” (Municípios, Universidades, Centros I&D, Empresas, Sociedade Civil), são a melhor demonstração de que em 2012, apesar de todas as políticas públicas e estratégias tendo em vista a modernização do território português,  o país teima em não conseguir assumir uma dinâmica de “salto em frente” para o futuro tendo por base os factores dinâmicos da inovação e competitividade. Precisamos por isso de apostar em Cidades e Regiões Inteligentes.


    Numa Europa das Cidades e Regiões, onde a aposta na inovação e conhecimento  se configura como a grande plataforma de aumento da competitividade à escala global, os números sobre a coesão territorial e social traduzem uma evolução completamente distinta do paradigma desejado. A excessiva concentração de activos empresariais e  de talentos nas grandes metrópoles, como é o caso da Grande Lisboa, uma aterradora desertificação das zonas mais interiores, na maioria dos casos  divergentes nos indicadores acumulados de capital social básico, suscitam muitas questões quanto à verdadeira dimensão estruturante de muitas das apostas feitas em matéria de investimentos destinados a corrigir esta “dualidade” de desenvolvimento do país ao longo dos últimos anos.

   
       Apesar da relativa reduzida dimensão do país, não restam dúvidas de que a aposta numa política integrada e sistemática de Cidades Médias, tendo por base o paradigma da inovação e do conhecimento, com conciliação operativa entre a fixação de estruturas empresariais criadoras de riqueza e talentos humanos indutores de criatividade, é o único caminho possível para controlar este fenómeno da Metropolização da capital que parece não ter fim. O papel das Universidades e Institutos Politécnicos que nos últimos 20 anos foram responsáveis pela animação de uma importante parte das cidades do interior, com o aumento da população permanente e a aposta em novos factores de afirmação local, está esgotado.
   






          O Investimento Directo Estrangeiro desempenha neste contexto um papel de alavancagem da mudança único. Portugal precisa de forma clara de conseguir entrar com sucesso no roteiro do “IDE de Inovação” associado à captação de Empresas e Centros de I&D identificados com os sectores mais dinâmicos da economia – Tecnologias de Informação e Comunicação, Biotecnologia, Automóvel e Aeronática, entre outros. Trata-se duma abordagem distinta, protagonizada por “redes activas” de actuação nos mercados globais envolvendo os principais protagonistas sectoriais (Empresas Líderes, Universidades, Centros I&D), com um papel de mobilização das cidades para uma nova agenda estratégica.


    Desta forma, o compromisso entre aposta, através da Ciência, Inovação e Tecnologia, em Competitividade Estruturante na Criação de Valor Empresarial, e atenção especial à Coesão
Social, do ponto de vista de equidade e justiça, é o grande desafio a não perder. A Sociedade do Conhecimento tem nesta matéria um papel muito especial a desempenhar e numa época onde se assiste à crescente Metropolização do país em torno do Porto e Lisboa,  a aposta em projectos de coesão territorial como as “Cidades e Regiões Digitais” pode fazer a diferença, com o papel de diferença de aposta na qualidade de vida e crescimento económico.

     

     (x) Especialista em Estratégia, Inovação e Conhecimento


  

Privatizações e Serviços Públicos

A propósito da privatização de várias empresas hoje totalmente detidas pelo Estado, tenho lido vários artigos de opinião em que os autores expressam as suas preocupações sobre o futuro da prestação dos serviços públicos que têm vindo a ser assegurados por tais empresas. Regra geral, tais artigos associam a prestação desses serviços públicos à titularidade do capital social dessas empresas, desvalorizando uns e ignorando outros que várias empresas de capitais privados têm vindo a assegurar - com segurança - serviços públicos com base em contratos celebrados com o Estado.

O caso do serviço universal de telecomunicações é um bom testemunho dessa abordagem: a Portugal Telecom enquanto empresa quase totalmente detida por capitais privados tem assegurado a prestação do serviço universal em todo o país, não tendo havido até ao momento qualquer preocupação suscitada por cidadãos que não tenham tido as suas necessidades básicas de comunicações devidamente asseguradas por este prestador privado, dentro dos parâmetros de preço e de qualidade de serviço fixados pelo regulador (que têm implicado uma descida anual de preços, em termos reais, de 2.75%). E sempre sem recurso à posição accionista do Estado na empresa.
 
Não vejo por isso que as privatizações de outras empresas de capitais públicos não possam seguir este modelo. Há no entanto precauções a considerar: a) o Estado deve evitar a tentação de embelezar as empresas a privatizar, aliviando-as de obrigações de serviço universal na perspectiva de aumentar o encaixe, uma vez que a imposição de obrigações no pós-privatização sairá muito mais caro; b) os contratos a celebrar têm necessariamente de prever mecanismos que assegurem o cumprimento das obrigações, com disposições que desincentivem fortemente incumprimentos; c) o Estado tem que dotar as entidades que fazem a monitorização de tais obrigações – os reguladores – dos meios e instrumentos necessários para desempenharem tais tarefas com sucesso; d) tem que ficar claro como deve ser assegurado o financiamento de eventuais custos decorrentes da prestação desses serviços e e) devem igualmente ser previstos mecanismos que incentivem a eficiência na prestação dos referidos serviços, com vista à redução dos custos líquidos deles decorrentes, nomeadamente evitando contratos de longa duração.

(Texto inicialmente publicado em www.ferraricareto.com)



Ouvi falar bem de nós...

Quando o Paulo me desafiou para contribuir para este blog, dias depois de lhe ter dito que não deixasse de contar comigo no sonho que connosco partilhou, não hesitei em dizer-lhe imediatamente que 'Eu Ficava!'.
 
Mais do que dizer que contasse comigo, quis dizer-lhe que acredito mesmo na realização deste sonho que passa pela afirmação de Portugal no mundo, assumindo-se como um dos 'nós' fundamentais de todas as redes de pessoas, bens, capital e conhecimento.
 
É fácil, para mim, pensar que será possível. Parece-me aliás, ou sobretudo, muito difícil pensar diferente.
 
Com base naquela que tem sido a minha experiência mais recente ligada à promoção internacional de um sector específico de actividade – o dos serviços de base tecnológica, de valor acrescentado, de tecnologias de informação, comunicação e de processos -,mas com base também em experiências pessoais, académicas e profissionais, fora de Portugal, com contactos com gente de outros ‘nós’, acredito que poderíamos estar a uma distância curta de sermos reconhecidos como um País de referência...
 
A pergunta que é colocada pelo próprio blog – “Que país queremos ser?” – devería no entanto, parece-me, ser substituída por uma outra: “Que país queremos dizer que somos?”; Ou por outra até: “Que país sabemos dizer que somos?”.
 
Façamos, pois, um pequeno exercício: assumamos que não sabemos comunicar, falar de nós, contar quem somos, que simplemente não sabemos como fazê-lo, ou que não temos jeito para isso! (e, na verdade, se nos compararmos a povos de outras geografias, Vender é coisa que não dominamos mesmo, isso é certo e não necessariamente ‘mau’…)

Depois, passo seguinte deste exercício, desta estratégia de divulgação e promoção de Portugal com vista ao seu reconhecimento no radar internacional, convidemos alguns representantes da comunidade internacional que por cá passa ou passou, trabalha ou trabalhou, vem e vai ou veio e ficou, a falar de Portugal, por nós.

E, então, ouçamos e vejamos como o fazem e o que do nosso País dizem.

Eu já o sei.

Dizem que temos recursos qualificados, que universidades cada vez mais dotadas ecapacitadas produzem anualmente e que são considerados dos mais inovadores e profissionais, com domínio ímpar de línguas estrangeiras e capacidade nata para a integração em ambientes de trabalho multi-culturais. Dizem que Portugal, fruto de investimentos recentes, se destaca entre os seus pares pela qualidade e robustez das suas infra-estruturas tecnológicas e de comunicação. Dizem que Portugal é líder mundial em eGovernment, por exemplo.

Mas também dizem que Portugal tem um ambiente doméstico maduro, tranquilo. Que Portugal tem infra-estruturas e serviços modernos, que funcionam. Que Portugal se posiciona num time-zone ideal como plataforma intercontinental. Que Portugal tem ligações incontornáveis com regiões emergentes do mundo, mercados e sociedades crescentemente apetecíveis, e pode ser a plataforma para lá se chegar. E que Portugal tem uma gastronomia, uma cultura e riqueza históricas, tão ricas e tão apetecíveis. E, sendo tantas vezes visto como ‘menor’ mas sem dever de todo ser visto assim, dizem que Portugal tem um clima e um sol e umas praias que ‘só nós’ não invejamos diariamente…

Recordo-me de ouvir recentemente líderes máximos de grandes empresas, de grandes multinacionais, a dizer publicamente que, por todos estes factores, “é em Portugal que os meus colaboradores querem trabalhar e é desde Portugal que os meus clientes querem ser servidos”.

Não pode, portanto, estar longe a concretização do nosso sonho. Não deve…

Ou estará, se definitivamente só o quisermos sonhar e não focarmos na implementação urgente de uma estratégia concreta de promoção internacional de Portugal, baseada em factos reais, com recurso a bons endorsements – porque não??

Porque metade do caminho que nos falta fazer estaría feito se o mundo simplesmente soubesse o que já verdadeiramente somos e temos, e teríamos necessariamente muito mais gente e empresas a olhar para nós, a querer estar connosco.

E o 'nó' estaría bem dado.




                    A excelência também já mora aqui 


                                         Por Francisco Jaime Quesado (x)

        Portugal está de parabéns. O sucesso do Centro de Inovação e Laboratorial da Fundação Champalimaud, mesmo junto ao Tejo, é um exemplo muito concreto do que devem ser as respostas positivas ao nosso futuro colectivo. O Investimento da Fundação Champalimaud veio demonstrar que há uma capacidade muito concreta de Portugal e dos seus principais protagonistas conseguirem “agarrar” com sucesso a decisiva Rota  da Inovação e desta forma alterar duma vez por todas o Modelo de Desenvolvimento Económico para o futuro. Por isso, com esta escolha de Champalimaud fica claro para todos que só há um regresso possível – o do futuro e protagonizado por todos.
    

         A Economia Portuguesa está claramente confrontada com um desafio de Crescimento Efectivo e Sustentado no futuro. Os números dos últimos vinte anos não poderiam ser mais evidentes. A incapacidade de modernização do sector industrial e de nova abordagem, baseada na inovação e criatividade, de mercados globais, associada à manutenção do paradigma duma “economia interna” de serviços com um carácter reprodutivo limitado criou a ilusão no final da década de 90 dum “crescimento artificial” baseado num consumo conjuntural manifestamente incapaz de se projectar no futuro. Por isso, as apostas têm que mudar. E a escolha de Champalimaud é um sinal.


   Portugal precisa efectivamente de alavancar esta aposta da Fundação Champalimaud, com todas as consequências do ponto de vista de impacto na sua matriz económica e social. A política pública tem que ser clara – há que definir prioridades do ponto de investimento estrutural nos sectores e nos territórios, sob pena de não se conseguirem resultados objectivos. Estamos no tempo dessa oportunidade. Definição clara dos Sectores Competitivos em que actuar;   selecção, segundo critérios de racionalidade estratégica, das zonas territoriais onde se vai actuar e efectiva mobilização de “redes activas” de comercialização das competências existentes para aposta em Investimento de Inovação. Com o exemplo da Fundação Champalimaud, não podemos parar.

 


    
     
      O Investimento em Inovação desempenha no momento presente um papel de alavancagem da mudança único. Portugal precisa de forma clara de conseguir entrar com sucesso no roteiro do Investimento de Inovação associado à captação de Empresas e Centros de I&D identificados com os sectores mais dinâmicos da economia – Tecnologias de Informação e Comunicação, Biotecnologia, Automóvel e Aeronática, entre outros. Trata-se duma abordagem distinta, protagonizada por “redes activas” de actuação nos mercados globais envolvendo os principais protagonistas sectoriais (Empresas Líderes, Universidades, Centros I&D), cabendo às agências públicas um papel importante de contextualização das condições de sucesso de abordagem dos clientes.

 
    Uma Nova Economia, capaz de garantir uma Economia Nova sustentável, terá que se basear numa lógica de focalização em prioridades claras. Assegurar que o “IDE de Inovação” é vital na atracção de Competências que induzam uma renovação activa estrutural do tecido económico nacional; mobilizar de forma efectiva os “Centros de Competência” para esta  abordagem activa no Mercado Global – mas fazê-lo tendo em atenção critérios de racionalidade estratégica definidos à partida, segundo opções globais de política pública, que tenham em devida atenção a necessidade de manter níveis coerentes de coesão social e territorial.  A Fundação Champalimaud  está para ficar. Num tempo global em que a aposta no valor e na competitividade devem ser uma motivação colectiva da sociedade portuguesa, aí está um exemplo a seguir.


       (x) Especialista em Estratégia, Inovação e Competitividade



        

 
    Os Novos Embaixadores de Portugal          
           
                                         Por Francisco Jaime Quesado (x)



        Na nova estratégia de Diplomacia Económica em marcha os Gestores Portugueses espalhados pelo mundo são fundamentais para mostrar que há um  Novo Capital de Competência Estratégica de base nacional.  Numa época de crise complexa,  esta Aposta nestes Novos Embaixadores é um sinal de confiança na Competitividade Portuguesa e na  capacidade muito concreta de se alterar duma vez por todas o Modelo de Desenvolvimento Económico para o futuro. O futuro de Portugal faz-se com os Portugueses e é essa a mensagem central que importa deixar nestes tempos de crise. Este Novo Capital é um desafio que temos que saber agarrar.
   


         A Economia Portuguesa está claramente confrontada com um desafio de Crescimento Efectivo e Sustentado no futuro. Os números dos últimos vinte anos não poderiam ser mais evidentes. A incapacidade de modernização do sector industrial e de nova abordagem, baseada na inovação e criatividade, de mercados globais, associada à manutenção do paradigma duma “economia interna” de serviços com um carácter reprodutivo limitado criou a ilusão no final da década de 90 dum “crescimento artificial” baseado num consumo conjuntural manifestamente incapaz de se projectar no futuro.

   Portugal precisa efectivamente de potenciar Iniciativas como o Conselho de Globalização, com todas as consequências do ponto de vista de impacto na sua matriz económica e social. A política pública tem que ser clara – há que definir prioridades do ponto de investimento estrutural nos sectores e nos territórios, sob pena de não se conseguirem resultados objectivos. Estamos no tempo dessa oportunidade. Definição clara dos “Pólos de Competitividade” em que actuar (terão que ser poucos e com impacto claro na economia);  selecção, segundo critérios de racionalidade estratégica, das zonas territoriais onde se vai actuar e efectiva mobilização de “redes activas” de comercialização das competências existentes para captação de “IDE de Inovação”.


    
     
      O Investimento Directo Estrangeiro desempenha neste contexto um papel de alavancagem da mudança único. Portugal precisa de forma clara de conseguir entrar com sucesso no roteiro do “IDE de Inovação” associado à captação de Empresas e Centros de I&D identificados com os sectores mais dinâmicos da economia – Tecnologias de Informação e Comunicação, Biotecnologia, Automóvel e Aeronática, entre outros. Trata-se duma abordagem distinta, protagonizada por “redes activas” de actuação nos mercados globais envolvendo os principais protagonistas sectoriais (Empresas Líderes, Universidades, Centros I&D), cabendo às agências públicas um papel importante de contextualização das condições de sucesso de abordagem dos clientes.

 
    Uma Nova Economia, capaz de garantir uma Economia Nova sustentável, terá que se basear numa lógica de focalização em prioridades claras. Assegurar que o “IDE de Inovação” é vital na atracção de Competências que induzam uma renovação activa estrutural do tecido económico nacional; mobilizar de forma efectiva os “Centros de Competência” para esta  abordagem activa no Mercado Global – mas fazê-lo tendo em atenção critérios de racionalidade estratégica definidos à partida, segundo opções globais de política pública, que tenham em devida atenção a necessidade de manter níveis coerentes de coesão social e territorial.


       (x) Especialista em Estratégia, Inovação e Competitividade



        

                  A aposta nos Talentos
                 

                                         Por Francisco Jaime Quesado (x)




        Numa recente intervenção a propósito da Marca Portugal e da necessidade de apostar na Inovação e Criatividade no nosso país, o especislista Carlos Coelho referiu uma história passada no tempo de D. João II, quando este monarca, desiludido com o país, pretendia mudar para Londres. O povo levantou-se e duma forma categórica voltou-se para o rei reiterando que não se podia desistir, pois “Londres é aqui”. Precisamos dessa atitude no Portugal 2012 e por isso impõe-se uma cultura de mudança. Para quê sair para fora de Portugal se é cá dentro que o desafio da mudança implica a nossa participação? Ou seja, por que não criar a verdadeira oportunidade para que os nossos Talentos agarrem o desafio da reconstrução do seu e do nosso país?

           
    Mudar a agenda para agendar a mudança é um desafio colectivo no qual a participação individual se configura como estrategicamente mais do que necessária. O objectivo de consolidação da Sociedade do Conhecimento em Portugal não se pode fazer por mero decreto e face à dimensão estratégica assumida pelos objectivos da sustentabilidade torna-se fundamental que o Estado, as Universidades e os “players empresariais”  firmem um verdadeiro “pacto estratégico” sobre as parcerias a desenvolver para a implementação de plataformas em que os cidadãos se revelem nesta nova lógica participativa que cada vez mais é o novo desafio  que aí está. Também aqui os Talentos são uma peça fundamental e caberá à sociedade saber mobilizá-los para novos desafios estratégicos.
       
         










      É aqui que entram os talentos. Compete a estes actores de distinção um papel decisivo na intermediação entre as grandes multinacionais e outros centros globais de conhecimento e os diferentes pólos de competitividade nacionais. Só com um elevado índice de capital social se conseguirá sustentar uma participação consistente na renovação do modelo social e na criação de plataformas de valor global sustentadas para os diferentes segmentos territoriais e populacionais do país.  A renovação do modelo competitivo nacional passa muito por esta nova intermediação estratégica muito virada para a criação de valor e integração do país em redes globais altamente dinâmicas.




      A construção duma Sociedade da Inovação e Criatividade é um desafio complexo e transversal a todos os actores e exige um capital de compromisso colaborativo entre todos. Em 2012 Portugal é já claramente um país da linha da frente em matéria de infra-estruturas de última geração, essenciais na perspectiva estratégica de aposta num novo modelo de Economia Sustentável, centrada na Inovação e Criatividade,  Implica por isso saber dar resposta às solicitações das várias frentes e acima de tudo tomar de forma consciente opções sobre qual as melhores soluções a adoptar para o futuro. Os Talentos terão um papel central neste novo designio e terão que ser mobilizados para uma verdadeira Agenda Nacional voltada para a Competitividade e o Crescimento.


   

    (x) Especialista em Estratégia, Inovação e Competitividade

Mas que raio de sociedade estamos a construir?





Voltam as histórias sobre idosos mortos em casa, na mais completa solidão. Não vou aqui repetir os pormenores macabros, mas estes casos interpelam-nos pela sua crueza e desumanidade. Pessoas mortas em casa, mumificadas, ninguém se interessou, ninguém investigou. Claro que podemos lamentar a passividade das autoridades. Mas sejamos claros: a culpa não é apenas do "sistema" ou do Estado, que nos habituámos a ver como culpado das nossas frustrações. Os limites da actuação pública são reais e ficam patentes nestes casos. Mostram uma contradição entre as promessas de protecção social e a realidade feita de solidão e de abandono. O sistema público que criámos é distante e burocrata por natureza. E está a tornar-se cada vez mais robotizado e impessoal. Coloquemos por momentos de lado os défices e a dívida. Pensemos no modelo de sociedade que estamos a construir. Estes casos ajudam a perceber que temos de ser mais humanos e próximos de quem nos rodeia, sejam vizinhos, colegas, familiares ou amigos. Mais do que mudar o "sistema" ou as leis, cada um de nós pode ajudar a construir uma sociedade mais humana, dinâmica e descentralizada, com as suas famílias, associações, clubes, bairros, paróquias, misericórdias, redes de voluntariado e de vizinhança. A mudança efectiva é orgânica antes de ser centralizada.

O Cais da Lusofonia

A ideia de transformar Portugal num cais do mundo, onde param barcos de todas as proveniências, aonde chegam mercadorias e passageiros de todos as paragens, onde se operacionalizam transações de todos os tipos e naturezas, representa uma alegoria literária muito rica e cuja aplicação prática deveria constituir um desafio para todos nós.

Os portugueses deixaram um traço distinto na história do mundo nos últimos séculos. A amplidão da sua ação numa enorme parte do mundo durante os séculos XV a XX é surpreendente. Pode falar-se, sem receio de exagerar, de uma gigantesca epopeia coletiva. A História do mundo não pode escrever-se sem numerosas referências ao que nele foi praticado por este pequeno povo de um pobre país nos confins da Europa. “Como foi possível que um povo tão pouco numeroso tivesse feito tanto?”, questionava-se o professor José Hermano Saraiva. “Por toda a Terra se ouvem as suas vozes e até nos confins do mundo ressoam as suas palavras”, escreveu Damião de Góis.


Chegados que estamos ao século XXI, perdemos o nosso estoicismo, vivemos encobertos por uma névoa de indiferença generalizada, não somos mais uma paragem obrigatória nas decisões e nos fluxos de informação, fomos esquecidos e somos tantas vezes ignorados, mas o nosso traço ficou nos locais por onde passamos e esta é sem dúvida uma das nossas principais mais valias.

Temos a felicidade de integrar a rota dos países do futuro; o Brasil, Angola, Moçambique... o oriente. As raízes do nosso relacionamento são muitas. Uma língua partilhada, uma literatura partilhada, um sistema legal partilhado, uma religião partilhada e, desde o princípio, uma teia finamente tecida de costumes e de tradições que diferenciam as nossas nações e formam a lusofonia.

Apesar da nossa matriz europeia, apesar do nosso molde iluminista e liberal, apesar das nossas ligações comerciais serem sobretudo continentais, o nosso traço é lusófono, muitos dos nossos hábitos foram adquiridos pelo mundo dos descobrimentos, a nossa matriz é cada vez mais a da miscigenação das raças que fomos encontrando e o nosso espírito é o do inclusão e o da abertura.


Temos a obrigação de promover esta ligação particular e distintiva, estes povos fazem parte da nossa rede de conhecimentos, integram a nossa lista de contactos, têm um conjunto imenso de afinidades connosco, compreendem a nossa forma de pensar e a nossa maneira de estar, devemos por isso potenciar estes relacionamentos, aprofundar estas ligações, partilhar os nossos contactos, promover o conhecimento e o desenvolvimento, a partilha de experiências e a promoção de produtos e serviços nacionais.

Existem alguns grandes eixos/vias de atuação que devem ser desenvolvidos e potenciados. Em primeiro lugar, e desde logo, a educação e a formação. Em segundo lugar, a identificação de centros de excelência que estamos a desenvolver, a melhorar ou cujas boas práticas estamos a consolidar, como, por exemplo, ao nível da reforma do estado, a regulação ou o empreendimento das reprivatizações. Em terceiro lugar, o mar, um dos ativos mais ricos e relativamente ao qual devemos ter mais experiência e conhecimento adquirido. Em quarto lugar, a inovação que tem assumido proporções de referência em tantas áreas e em tantos setores. Em quinto lugar, a diplomacia e a nossa capacidade de relacionamento com outros países, dentro e fora da Europa.

Estes são alguns exemplos de áreas de atuação que devem ser desenvolvidas e aprofundadas no seio dos países lusófonos. Dentro deste núcleo, é possível criar circuitos de conhecimento e de intercâmbio que beneficiem todas as partes e facilitem o aperfeiçoamento e o estreitamento de relações. Proximamente, procurarei desenvolver cada um dos eixos identificados sempre com a perspetiva de marcar/vincar a posição de Portugal no mundo.

Termino com Fernando Pessoa, que, no início do século XX, dando voz a uma tradição literária profética, vaticinava, para Portugal, um novo Império, não já material, mas cultural. Mais uma vez, o povo português "partirá em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, em naus que são construídas daquilo de que os sonhos são feitos."